Durante o primeiro discurso oficial na COP30, em Belém, nesta quinta-feira (6), o presidente Lula citou o combate ao extremismo e aos conflitos, na busca por “reverter o desmatamento, superar a dependência dos combustíveis fósseis e mobilizar os recursos necessários”. Segundo Lula, há um “descasamento entre o contexto geopolítico e a urgência climática”. 

“Forças extremistas fabricam inverdades para obter ganhos eleitorais e aprisionar as gerações futuras ao modelo ultrapassado que perpetua disparidades sociais e econômicas e degradação ambiental. Rivalidades estratégicas e conflitos armados desviam a atenção e drenam os recursos que deviam ser canalizados para o enfrentamento do aquecimento global”.
A declaração foi na abertura da Plenária dos Líderes, no primeiro dia da Cúpula do Clima, no Parque da Cidade em Belém, onde ocorrem as atividades da conferência mundial do clima. O extremismo e os conflitos foram um dos dois “descompassos” que Lula citou, para que se combatam as mudanças climáticas. O outro descompasso, segundo Lula, é a “desconexão entre os salões diplomáticos e o mundo real”, porque ele avalia, por exemplo, que “as pessoas podem não entender o que são emissões ou toneladas métricas de carbono, mas sentem a poluição”.
Diante de líderes mundiais de diversos países e entidades internacionais, o presidente brasileiro destacou a importância de a COP ser realizada na Amazônia que, segundo ele, é o maior símbolo da causa ambiental, no “imaginário global”.
“Aqui, residem milhões de pessoas de centenas de povos indígenas, cujas vidas são atravessadas pelo falso dilema entre a prosperidade e a preservação. Com a missão vital de proteger um dos maiores patrimônios naturais da humanidade. É justo que seja a vez dos amazônidas, de indagar o que está sendo feito pelo resto do mundo para evitar o colapso de sua casa”.
Dez anos do Acordo de Paris
O presidente brasileiro voltou a defender o multilateralismo e citou que, em 2025, o Acordo de Paris completa 10 anos; mecanismo que ele destacou como fundamental para que os efeitos do aquecimento global fossem menos graves que o previsto na época. E fez uma crítica a interesses de algumas nações que se sobrepõem ao acordo comum.
“A força do Acordo de Paris reside no respeito ao protagonismo de cada país em definição de suas próprias metas à luz de suas capacidades nacionais. Graças ao acordo, nos afastamos dos prognósticos que anteviam o aumento de até 5 graus na temperatura média global até o final do século. Provamos que a mobilização coletiva gera resultados. Em um cenário de insegurança e desconfiança mútua, interesses egoístas imediatos preponderam sobre bem comum de longo prazo”.
⏩ Radioagência Explica: entenda o Acordo de Paris e as metas firmadas em COPs anteriores.
Em janeiro deste ano, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou um decreto retirando o país do Acordo de Paris, o que deve ser efetivado oficialmente em janeiro do ano que vem.
Durante o primeiro discurso na COP30, o presidente Lula também destacou que “é o momento de levar a sério os alertas da ciência” e citou dados do relatório de emissões do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. O documento “estima que o planeta caminha para ser dois graus e meio mais quente até 2100” e que mais de 250 mil pessoas poderão morrer a cada ano.
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